CCF - CENTRO DE COMPETÊNCIAS FERROVIÁRIO

CCF - CENTRO DE COMPETÊNCIAS FERROVIÁRIO

CCF - CENTRO DE COMPETÊNCIAS FERROVIÁRIO

Era uma vez, o CCF - Centro de Competências Ferroviário…

Esperamos daqui a bom par de anos, poder contar a história detalhada do nascimento do CCF, com provas dadas do trabalho desenvolvido e da importância da sua constituição e influência no capítulo da inovação ferroviária em Portugal. Assim o esperamos…

Nascida a ideia, no seio de uma consciência coletiva na Plataforma Ferroviária Portuguesa, Cluster da Ferrovia, que este era um elemento fundamental para agregar, desenvolver e concretizar a visão da PFP, em “tornar Portugal numa referência internacional no setor ferroviário e local privilegiado para o desenvolvimento de projetos de Investigação, Desenvolvimento e Inovação”, cedo se tornou claro, que havia que agregar esforços, competências e perseverança, muita perseverança para se chegar à sua concretização.

Perseverança, porque olhando aos indicadores nacionais do setor, entre 1970 e 2017, não tendo sido renovado nem reparado o material circulante, este teve uma redução de 30% e os valores de investimento da ferrovia em 2017, eram idênticos aos de 1990. Ou seja, redução abrupta da mão-de-obra especializada, esgotamento e degradação do material circulante, política de transportes com exclusão da ferrovia, desaparecimento da indústria ferroviária nacional.

Isso explica, porque em 2017, na publicação bienal do Boston Consulting Group, sobre o European Railway Perfomance Index (RPI), indicador de performance ferroviária baseado nos fatores, intensidade de uso, qualidade de serviço e segurança, Portugal ficou em terceiro lugar…a contar do fim. Só a Roménia e Bulgária nos superaram.

Portanto, mais baixo era difícil e assim sendo, havia que sair de lá o mais cedo possível, onde de facto, a criatividade, a inovação e nossa rica engenharia, pudesse concentrar-se também cá dentro, pois lá fora, contam-se os inúmeros casos de sucesso de empresas lusas na área da ferrovia.

Primeiramente, foi abordada a ideia da criação de um Centro Tecnológico Ferroviário, na discussão do Plano Nacional de Investimentos 2030, apresentada seguidamente ao Ministério das Infraestruturas e de seguida a todo o Governo e concretizada por escrito na redação do Pacto Sectorial para Competitividade e Internacionalização do Setor da Ferrovia Portuguesa, onde expressamente assumimos a criação do “Centro Tecnológico da Ferrovia Portuguesa”, que por razões de enquadramento legal e maior abrangência, foi posteriormente corrigido para “CCF – Centro de Competências Ferroviário” e dizendo desde logo, que aí nasceria a equipa do projeto do “Comboio Português”.

E o governo, em resolução de Conselho de Ministros nº110 de 5 de julho de 2019, incumbe a CP Comboios de Portugal, no cumprimento do plano estratégico de recuperação das capacidades tecnológicas e empresariais do setor ferroviário em Portugal, de criar o Centro de Competências Ferroviário em Guifões, Matosinhos e neste projetar o “Comboio Português”. Sem margem para dúvidas.

Finalmente, o setor ferroviário via o governo focado na modernização e desenvolvimento da ferrovia em Portugal, estando aqui lançadas as bases para a inversão do “status quo” vigente com a criação de um projeto de ambição coletiva, aglutinador de vontades e gerações, na criação de um “Comboio Português”.

Foi então constituído um “grupo de trabalho”, ou como é moda internacional dizer-se, “uma Task Force” composta pela CP – Comboios de Portugal, IP – Infraestruturas de Portugal, Metro do Porto, Universidade do Porto (Faculdade de Engenharia) a que se juntariam o IAPMEI e o Metropolitano de Lisboa e a Câmara de Matosinhos que desde a primeira hora se mostrou disponível para a concretização desta tão importante obra.

Porquês Guifões, porquê Matosinhos?

Guifões por razões obvias: um parque industrial ferroviário já instalado, operacional e de elevadíssimo potencial e Matosinhos, pela fantástica localização geográfica junto aos eixos de acessibilidade rodoviária, ferroviária, marítima - Porto de Leixões, aeroportuária - aeroporto Francisco Sá Carneiro e sobretudo, junto ao Campus de Investigação Aplicada, com o maior número de investigadores da Europa!

Procurou-se então estudar e analisar os bons casos de sucesso existentes na Europa, em Centros de Competências similares, tais como o Birmingham Center for Railway Research and Education - UK, o DB Mindbox na Alemanha, o Railway Innovation Hub em Espanha, tendo desenhado um modelo Macro Funcional semelhante de boas práticas: Escola Ferroviária, Acelerador de Empresas de cariz ferroviário, alojamento dos Stakeholders e Projetos e Desafios à medida.

A fuga do Conhecimento e do Saber ferroviário, que nos últimos anos se tem vindo a agudizar, quer por força das reformas normais, antecipadas e “forçadas”, quer pelas fugas de engenheiros por “coação financeira” a que é impossível resistir, impõem uma urgente captação de juventude bem formada, adaptadas às realidades tecnológicas de hoje e sobretudo com muito “amor á camisola” neste caso ferroviária.

Assim, o CCF considera que de imediato é necessário (re-)lançar a formação de quadros técnicos para a ferrovia, desde os níveis 4 e 5, promovendo a formação de níveis mais elevados, como sejam os níveis 7 (mestrado) e 8 (doutoramento), neste caso apoiando e ampliando a experiência muito positiva do Programa Doutoral iRail, liderado pelo Centro de Saber da Ferrovia, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

O resto é a atividade natural de um Centro de Competências: investigação e desenvolvimento, inovação, eficiência, sustentabilidade, novos materiais, técnicas colaborativas, etc., a que se vai procurar tirar partido da sua dinâmica sistémica e transpô-la para a área empresarial e vice-versa, incentivando a criação de ninhos de empresas, alojadas no coração da ferrovia.

Redigidos, analisados, discutidos já foram os Estatutos, o Modelo de Negócio, a sua Sustentabilidade.

O que falta então?
Nascer.

02 de Fevereiro de 2021

Paulo Duarte
PFP – Associação da Plataforma Ferroviária Portuguesa
Executive Director

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